Nesta quarta-feira, 31 de maio, segundo dia do 1º Seminário Internacional sobre Segurança e Proteção no Ambiente Escolar, a programação começou com a conferência “Proteção no ambiente escolar: perspectivas”, com a participação da secretaria-executiva do Ministério da Educação (MEC), Izolda Cela; do presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Vitor de Angelo; e da representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Josevanda Franco. A moderadora foi a secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), Zara Figueiredo.
A professora e secretaria-executiva do MEC, Izolda Cela, destacou que apesar dos casos de violência nas escolas, que ocorreram nos últimos tempos, há uma perspectiva positiva para o futuro com as discussões que já estão acontecendo no seminário. “Passamos por situações fora do minimamente aceitável. É preciso construir processos que possam trazer mais segurança, paz e um ambiente mais favorável nas escolas, para ajudar na formação das crianças e adolescentes”, disse.
Para a secretária, a escola precisa garantir às crianças e adolescentes o direito ao aprendizado e alfabetização, que podem gerar uma perspectiva de sucesso no futuro, mas foram muito prejudicados durante o período de pandemia. “A escola precisa cumprir o seu papel de garantir que as crianças tenham ali, porque se não for naquele lugar a grande maioria não vai ter em canto nenhum, o seu direito garantido de aprender a ler, escrever, dominar os códigos, os conteúdos e as ciências”, considerou.
Ela ressaltou, ainda, que é preciso cuidar da saúde mental e emocional no ambiente escolar e das relações e convivência entre professores, diretores, coordenadores e alunos.
“As escolas que melhoravam nos seus resultados no aprendizado, quase que como regra, tinham uma boa relação entra diretores, professores e coordenadores. Quando se tem um ambiente de desunião há conflitos acima da média normal. É preciso colocar a arte da convivência no currículo, olhar para o aspecto da dimensão da saúde mental e emocional. A saúde mental que nos permite ter empatia com outro e ter a resiliência necessária para enfrentar situações, lidar com as diferenças e respeitar as transformações”, falou.
Gestão e desafios – em sua fala, o presidente do Consed, Vitor de Angelo, afirmou que a gestão de casos de violência nas escolas é complexa, porque o Brasil não está acostumado com esse tipo de ocorrências. “É tudo muito novo e quando a gente está diante de algo novo e desafiador, que exige uma resposta imediata, precisamos fazer o caminho enquanto se caminha. Não existe um planejamento, na verdade existem evidências e métodos para fazer isso”, observou.
Para Vitor Amorim, o combate a esse tipo de situação deve ser feito por meio de uma política de colaboração entre a União, estados e municípios. “Isso é algo novo, que mostra a força que a união entre os entes federados pode e deve ter para enfrentar todos os tipos de desafios. Sobretudo esses, que são mais desafiadores por serem desconhecidos nos seus detalhes e nos caminhos que a gente vai percorrer”, destacou.
Nesse sentido, acredita que o seminário vai ajudar a construir um caminho com mais firmeza e segurança. Esse seminário é um passo firme. Não vai mudar o estado das coisas ou revolucionar as políticas, mas é um passo a mais, que estabelece mais conhecimento, promove alinhamento e oportuniza a especialistas e gestores compartilharem em suas experiências”, disse.
Contexto social – já a representante da Undime, Josevanda Franco, considerou que é preciso reconhecer é que a violência faz parte do contexto social. “Não é uma coisa fácil. A escola é o segundo equipamento que viola mais direitos de crianças e adolescentes nesse país. A primeira é a família e a segunda escola. A escola foi a última fronteira a ser invadida por uma violência externa, porque a violência interna sempre existiu”, lamentou.
Ela destacou que é preciso lembrar que apesar de tudo, a escola é um espaço pedagógico e não pode abrir mão dessa premissa. “Precisamos entender que qualquer política de atendimento a criança e ao adolescente, seja ela de natureza jurídica, educacional ou da área de saúde, não pode prescindir da articulação da intersetorialidade. Nossa grande perspectiva agora é que através das ações do MEC, órgão que comanda o processo educacional, a gente possa criar uma política de atendimento articulada e intersetorial”, relatou.
Paineis – além da conferência, na programação da manhã foram realizados quatro painéis, que complementaram os debates. O primeiro e o segundo foram sobre “Experiências brasileiras”. O terceiro painel foi abordou o tema “Reflexões interdisciplinares sobre segurança pública em ambientes escolares”. O último painel da manhã foi sobre o tema “Fortalecendo o ambiente escolar a partir dos direitos humanos e da gestão democrática”.
Fonte: Ministério da Educação
Foto: Ângelo Miguel