No Brasil 73,4% da população brasileira utiliza algum jogo eletrônico para seu entretenimento
Os jogos eletrônicos há muito tempo são uma das formas mais populares de lazer, principalmente para as crianças e adolescentes. Mas este lazer, em excesso, pode se tornar prejudicial à saúde e trazer consequências graves como sedentarismo, problemas de visão,cansaço físico e mental, além de alteração no sono e até antissociabilidade. Devido ao chamado fator “replay” que a maioria dos games possuem, que significa a vontade de jogar repetidas vezes, muitos jovens acabam se tornando dependentes dos games.
No Brasil, segundo a Pesquisa Game Brasil (PGB) de 2020, 73,4% da população brasileira utiliza algum jogo eletrônico para seu entretenimento e segundo especialistas, apesar dos videogames terem efeitos benéficos e maléficos. Os que mais chamam a atenção são os maléficos. Em 2022 a Organização Mundial da Saúde (OMS) denominou a dependência em games como um transtorno mental classificado como “GamingDisorder” e foi incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID 11).
A GamingDisorder consiste em um distúrbio de saúde mental. O problema é caracterizado quando há a existência de três fatores: Aumento da prioridade dada ao jogar, se sobressaindo as outras atividades diárias; perda de controle do tempo de jogar, quando joga mais tempo do que tinha planejado e por fim, a continuidade ou aumento da atividade de jogar, apesar das consequências negativas afetarem em nível pessoal, social, familiar, educacional e em outras áreas da vida do indivíduo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), alguns dos maiores perigos que o jogar em excesso podem ocasionar são os comportamentos agressivos e tóxicos. Jogos violentos podem contribuir para atitudes mais agressivas. E no caso da toxicidade, é no contexto da excitação durante o jogo, com o elemento da competição e o anonimato, muitas vezes xingamentos, ofensas e desaforos acabam sendo reproduzidos.
Em entrevista a Tribuna da Bahia, a Dra. Evelyn Eisenstein, coordenadora do Grupo de Trabalho em Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) falou sobre a função dos pais em casos de dependência dos jogos eletrônicos. “O que os pais podem fazer? Primeiro é limitar o tempo de uso do videogame. Três ou quatro horas de jogatina, no máximo, é o recomendado. Outra coisa importante é filtrar o conteúdo. Saber o que a criança ou adolescente estão acessando. Ensinar também a eles bloquearem mensagens indevidas que eles possam receber e denunciar essas mensagens ou vídeos inapropriados. Além disso, os pais podem oferecer alternativas saudáveis. Brincadeiras ou atividades de lazer que envolvam a natureza como atividades esportivas”, pontua a especialista.
Sobre as consequências que os jovens podem ter na vida devido a dependência em games, Evelyn ressalta os transtornos mentais, o sedentarismo, além de problemas de postura, visuais, auditivos e até problemas da sexualidade.
A psicóloga Tainá Borges conversou com a Tribuna da Bahia e explicou sobre a dependência dos jogos eletrônicos e os prejuízos para vida socialdos jovens. “Primeiramente qualquer tipo de excesso faz mal a nossa saúde de forma geral. No caso de crianças e adolescentes, temos que levar em consideração que eles estão em fase de desenvolvimento e qualquer atividade que seja prazerosa, se torna mais atrativa e mais interessante do que qualquer outra coisa, como por exemplo os estudos, independentemente de ser um vício ou não”, afirma.
Ela ainda diz que como consequência do vicio nos games podes mencionar o prejuízo no rendimento escolar, mudança no comportamento, diminuição da interação social ou até mesmo dificuldade de desenvolver habilidades sociais a depender da idade. Tainá ainda salienta que outro ponto trazido pelas famílias é a questão dos conflitos, principalmente no caso de adolescentes. Existe uma dificuldade maior deles aceitarem os limites impostos pelos pais com relação ao tempo dedicado aos jogos.
A psicóloga alerta que dependendo do tipo de jogo, a frequência, e a idade dessa criança ou adolescente alguns impactos podem acontecer. “Podemos considerar alguns impactos emocionais como um aumento do nível de ansiedade e estresse. O que era prazeroso no começo pode se tornar um sofrimento com o passar do tempo”, concluiu Tainá.
A sugestão de Tainá é que o primeiro passo para lidar com qualquer tipo de problema é a prevenção. Buscar ajuda profissional, iniciar uma psicoterapia é essencial em casos como esse. A psicóloga ainda explica que esse trabalho precisa ser feito em conjunto com a criança ou adolescente e afamília. Pois, em muitas situações a família não busca ajuda por não ter orientações suficientes e por não saber dos prejuízos e da gravidade que isso pode causar no futuro.
Fonte: Tribuna da Bahia