Pessoas com deficiência ainda enfrentam desafios no mercado de trabalho

No estado, de acordo com o IBGE, a média de renda recebida por um pessoa com deficiência era de R$1.306, se caracterizando como a 4ª menor do país.

Foto: Romildo de Jesus

 

Seja em universidades, cargos políticos ou em qualquer outro ramo da sociedade, o fato é que determinados coletivos sociais, a exemplo de mulheres, pessoas negras e pessoas com deficiência (PCD’s) ainda não são totalmente inseridos em determinados contextos. Fazendo o recorte para as PCD’s, as dificuldades na rotina são ultrapassadas pela falta de inclusão no mercado de trabalho. A situação torna-se ainda mais difícil com as mulheres.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022 a Bahia tinha cerca de 1,524 milhão de pessoas que tinham algum tipo de deficiência. Desse total, 412 mil pessoas acima dos 14 anos estavam trabalhando ou procurando trabalho, representando 24,7%. Em contrapartida, o quantitativo de pessoas sem deficiência no Estado que estavam trabalhando era de 52,9%. Já o percentual de mulheres com deficiência trabalhando era ainda menor (21,1%).

Não passa despercebida a desigualdade no ambiente de trabalho em relação às PCD’s. No entanto, a falta de equidadeé ainda maior quando o assunto é salário. No estado, ainda de acordo com o IBGE, a média de renda recebida em todos os trabalhos por um pessoa com deficiência era de R$1.306, se caracterizando como a 4ª menor do país. Fazendo o recorte para a questão de gênero, enquanto os homens com deficiência recebiam em média R$1.530, as mulheres ganhavam cerca de R$1.085.

Atualmente, em Salvador o SineBahia tem uma unidade que oferece vagas especificamente para pessoas com deficiência. O Centro de Atendimento ao Profissional de A a Z (CAPAZ) é especializado no atendimento às PCD’s e fica localizado no Shopping Barra. Dessa forma, cada vez mais cidadãos podem ser integrados nas empresas.

Ainda assim, um dos principais meios sociais onde se precisa avançar no que tange a acessibilidade às pessoas com deficiência é no ambiente de trabalho. De acordo com o artigo 93 da lei 8.213/91, empresas com mais de 100 funcionários devem preencher de 2% a 5% dos cargos com PCD’s. Muitas empresas até cumprem com a cota determinada por lei, contudo não é só isso que precisa ser feito. Para além da inclusão existe também a questão da acessibilidade. São inúmeras instituições de trabalho que não estão aptas a receber esses funcionários, independente de qual seja a deficiência.

O superintendente dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, Alexandre Baroni, comenta sobre alguns outros desafios que as pessoas com deficiência ainda enfrentam no ambiente de trabalho. “O maior desafio das pessoas com deficiência ainda é o capacitismo, ou seja, as atitudes que geram preconceito contra o potencial das pessoas com deficiência para o mercado de trabalho. Precisamos que os empresários nos vejam como pessoas capazes e com mão de obra qualificada e preparada para o trabalho assim como as outras pessoas”, ressaltou.

A Associação Baiana de Pessoas com Deficiência (ABADEF) está há 42 anos realizando palestras de conscientização e cursos em empresas para que os colaboradores e gestores possam estar aptos a receber as PCD’s nas empresas. Além disso, são realizadas dinâmicas também para que as pessoas possam se colocar mais no lugar e entender um pouco do mundo de uma pessoa com deficiência. Atualmente a Associação conta com 4.852 associados e com eles, mensalmente são realizadas campanhas educativas por meio de palestras e oficinas de qualificação profissional.

A assistente social, Rosângela Rodrigues, que faz parte da ABADEF, fala sobre quais medidas precisam ser adotadas pelas empresas quando o assunto é integração e acessibilidade das pessoas com deficiência. “É preciso que haja trabalho para que a inclusão seja de fato realizada. Por exemplo, uma empresa que tem elevador, ela só tem escadas. E aí ela precisa contratar uma pessoa com deficiência, e essa PCD usa muletas. Ela vai estar incluída dentro desse processo? Não vai, porque falta acessibilidade para ela. Falta mobilidade dentro da própria empresa. Inclusão é a quando eu dou a  possibilidade daquele colaborador estar realizando seus trabalhos de acordo com as suas necessidades”, afirmou.

 

Fonte: Tribuna da Bahia

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