O financista Antônio Ribeiro e o vereador de Salvador, Sílvio Humberto trocaram farpas
O vereador de Salvador, Sílvio Humberto (PSB), falando ao Massa sobre a atuação da Polícia Militar da Bahia, hoje apontada como a de maior letalidade no país, disse que “é preciso atacar as causas sociais da violência. Tem que se enfrentar um debate sério e profundo diante da complexidade que é a política de drogas. Não tem fórmula mágica. O racismo que está fora, também está dentro da cultura organizacional e precisa ser discutida. É preciso enfrentar o racismo institucional e pensar em uma outra política de enfrentamento às drogas, já que elas vão se renovando e se sofisticando. O velho racismo combinou de nos eliminar fisicamente, e é a juventude quem serve de alvo e vai vivendo prisioneira dessa violência”, disse o vereador.
O parlamentar soteropolitano ainda colocou como prioridade o investimento em educação pública para combater o avanço da violência, assim como um comprometimento geral da sociedade para debater o tema.”É preciso se debruçar nesses números e saber os lugares onde tem menor letalidade, como procede, quais as ações são pautadas. Precisa desse envolvimento, porque segurança pública não é só polícia. É preciso enfrentar as causas sociais da violência, que passa pela educação pública de qualidade, escola em tempo integral, acesso aos bens culturais, assumir o papel central, e precisa de um envolvimento da sociedade. Prefeitura, Estado e governo federal. Se faz necessário investimentos reais. Mais do mesmo não está resolvendo”, completou Sílvio Humberto.
A resposta de Ribeiro
Retrucando a fala do vereador, o financista Antônio Ribeiro, que ocupou o cargo de Secretário da Fazenda de Salvador na gestão Lídice da Mata, e servidor da Seplan-Ba, distribuiu comunicado entre professores da Universidade Estadual de Feira de Santana enfatizando: “Enquanto colegas da UEFS, nossas relações sempre foram cordiais. Agora, confesso minha frustração com o depoimento do amigo, ante as dezenas de mortes produzidas pela PM do estado da Bahia. Segundo suas colocações, “é preciso atacar as causas sociais”. Verdade, colega. Sempre ( eu, particularmente), venho defendendo essa necessidade desde os 16 anos de idade, o que me fez, poucos anos após, ingressar em um partido clandestino, com todos os ônus decorrentes desta opção política”. E continua Ribeiro: ” Há de convir, o colega, que esta frase é generalista e foge a um enfrentamento decisivo , forte e destemido, particularmente como deve ser por parte dos antirracistas”. Mais adiante, salienta:” falar da necessidade de um “debate profundo diante da complexidade que é a política de drogas, é repetir um slogan – diversionista – do qual a esquerda atual é recorrente. Todas as vezes que parlamentares da esquerda atual não sabem responder a determinados questionamentos, a resposta é a mesma: “precisamos discutir com a sociedade”. Fico impressionado por que nas campanhas eleitorais as soluções emergem facilmente dos candidatos e, depois de instalados em seus gabinetes, já não exibem as mesmas convicções”.
E quanto à afirmação de Silvio Humberto de que “o velho racismo combinou em nos eliminar fisicamente “, contesta Antonio Ribeiro: ” Prezado colega: de onde vem o racismo que matou dezenas de indivíduos, e a que propósito se entregam nesta tarefa hedionda? Se ela é produzida por uma organização estatal, quem é o superior hierárquico dos dirigentes dessa organização? Por que que tantos contorcionismos verbais para não assumir a realidade?” E concluiu dizendo: ” Vamos ser claros: a base política não pode contrariar? Poderão perder cargos? Não ter dinheiro para as próximas campanhas? Caro vereador, nos oito anos do governo estadual que V. S. apoiou sem questionamentos, dos recursos para a Segurança Pública na Bahia se perderam quase R$4 bilhões. Se o colega tiver dúvidas quanto a esses números, posso explicá-los na Câmara Municipal de Salvador, se V. S. me convidar. Encontro-me às ordens e, democrata que sou, defendo os contrários. Só não poderão me pedir para defender fascistas e racistas. Destes, tenho nojo.” E terminou lembrando:”Com todo o meu respeito e amizade, é o que meu coração exigiu, neste momento de dor, que não cabem evasivas a ninguém, muito menos de um homem público que se elege com os votos dos negros que ora são enterrados sem julgamento”.
Fonte: Tribuna da Bahia